O aumento do poder aquisitivo das famílias, a falta de educação alimentar dos pais e o avanço da tecnologia entre os jovens estão entre as principais causas para a explosão da obesidade infantil em todo o mundo. O número de adolescentes e crianças obesas aumentou em dez vezes entre 1975 e 2016, de acordo com um estudo recém publicado na revista médica britânica The Lancet.
Com base nesses dados e nos números brasileiros levantados pela pesquisa Vigitel, a Dra. Denise Iezzi, co-coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Hospital Sírio Libanês, declarou recentemente em reportagem no portal UOL que até 2030 a tendência é que no Brasil tenhamos uma incidência quatro vezes maior de obesidade infantil.
Na opinião da pesquisadora, a classe média “ficou mais rica” e o aumento no poder aquisitivo tem levado a um maior consumo de alimentos ultraprocessados e com muita gordura. O fato das novas gerações estarem constantemente rodeadas de tecnologia também preocupa, pois isso faz com que as crianças e adolescentes fiquem sentados na maior parte do tempo.
“Já existem diversos estudos mostrando que o tempo sentado determina a obesidade. E o tempo crítico são duas horas, viu? Mais do que isso o indivíduo tem um risco quatro vezes maior de obesidade infantil”
Denise Iezzi, co-coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Hospital Sírio Libanês
Ações urgentes contra a obesidade infantil
Diante dessa triste realidade, as operadoras de saúde não têm outra alternativa a não ser tomar atitudes concretas para prevenir a obesidade infantil e com isso reduzir o número de crianças obesas no seu quadro de beneficiários.
Cabe aos gestores da área de medicina preventiva desenvolver ações e programas voltados ao público infanto-juvenil, com foco na mudança de comportamento e na adoção de hábitos mais saudáveis.
Palestras, workshops, distribuição de material educativo, campanha nas redes sociais… Todas as ferramentas são válidas para combater o avanço da obesidade entre crianças e jovens. Escolha suas armas e mãos à obra!
O objetivo principal deve ser direcionar as crianças para a prática de atividade física de acordo com a sua faixa etária e também orientá-las sobre hábitos alimentares saudáveis. Mas informá-las sobre as doenças decorrentes do sobrepeso e da obesidade, como diabetes e problemas cardiovasculares, também ajuda no processo de conscientização.
É preciso educar a família
Uma unanimidade entre médicos e nutricionistas que estudam a obesidade infantil é que de nada adianta orientar as crianças com campanhas, palestras e outras ações, se a própria família não contribuir para a adoção de hábitos saudáveis.
Por isso, sua operadora deve incluir sempre que puder os pais e outros familiares em suas ações de reeducação alimentar e promoção da atividade física voltadas às crianças. Crianças obesas terão chances bem maiores de ter sucesso no controle do peso se tiverem o exemplo de pais que se alimentam bem e costumam se exercitar regularmente.
As famílias brasileiras costumam consumir muita carne, pouca fibra e muito açúcar. Muitas vezes o café da manhã, o almoço e o jantar são parecidos, com pouca variedade de alimentos e escolhas pouco saudáveis. Se toda a família come assim, como querer que a criança mude?
Para auxiliar na reeducação de crianças obesas, o trabalho com a família pode incluir sugestões de novos ingredientes para a lista de compras e incentivar a participação delas nas escolhas de produtos no supermercado ou na feira.
Acima de tudo não se deve esquecer que os hábitos alimentares das crianças são o espelho da alimentação dos adultos. Se as famílias desejam que os filho bebam mais água, por exemplo, não podem ter sucos e refrigerantes sempre à disposição!
Após a mudança alimentar dos pais, as crianças conseguem acompanhar sem muita dificuldade. Mas é preciso ter paciência. São necessários pelo menos três meses para que todos sintam as primeiras mudanças no corpo e comecem a trilhar um novo caminho rumo à qualidade de vida.
De crianças obesas a adultos saudáveis
Uma pesquisa feita em 2016 pela Universidade de Emory, nos EUA, comprovou que o sobrepeso na infância é um dos principais fatores de risco para a obesidade na adolescência e na vida adulta.
O estudo acompanhou 7.738 indivíduos durante cerca de uma década e demonstrou que as crianças que estão acima do peso por volta dos 5 anos de idade têm quatro vezes mais chances de se tornarem adolescentes obesos.
A situação é tão grave que muitas crianças hoje já estão sofrendo de doenças decorrentes da obesidade que até pouco tempo atrás afetavam apenas adultos, como altas taxas de colesterol e triglicérides, hipertensão arterial e reumatismo. Isso sem contar nos casos de desnutrição ligados à obesidade e todos os problemas psicológicos que podem afetar os jovens com sobrepeso.
A obesidade é hoje um dos problemas de saúde que mais prejudicam a qualidade de vida das pessoas. Começar a preveni-la desde a infância é essencial para que possamos vencer essa batalha. Quanto menos crianças obesas tivermos hoje, menos adultos doentes teremos que tratar no futuro. Pense nisso!